BRASÍLIA - O governo quer esgotar, ainda nesta terça-feira, a discussão sobre a reforma da Previdência na comissão especial encarregada de apreciar o tema na Câmara, para que a proposta seja votada nesta quarta-feira pelo colegiado e siga para o plenário da Casa. Porém, enfrenta um embate que poderá tornar ainda mais lenta a tramitação da matéria no Congresso. Os 21 deputados da base aliada que fazem parte da comissão especial reclamam que não querem carregar nas costas, sozinhos, o ônus político de ajudarem a aprovar uma reforma impopular sem uma retaguarda. Exigem uma mudança de postura dos líderes das bancadas da base na Câmara e no Senado façam pronunciamentos defendendo a reforma previdenciária.
Os deputados da base se dizem inseguros por três razões: a pesquisa do Datafolha, que diz que 71% da população não aprovam a reforma da Previdência; a rebeldia do líder do senador Renan Calheiros, líder PMDB no Senado e filiado ao mesmo partido do presidente da República; e a crescente pressão dos servidores públicos. Alguns desses parlamentares hesitam em votar a proposta na quarta-feira e sugerem mais tempo, mas não têm a concordância do governo.
O grupo que dará o pontapé inicial para que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) comece a ser votada no Congresso tem 36 membros. Além dos 21 parlamentares da base, o governo conta com mais dois votos favoráveis: dos deputados Arthur Maia (PPS-BA) e Carlos Marun (PMDB-MS), respectivamente, relator e presidente da comissão.
A situação é preocupante para o Palácio do Planalto. Permanece a avaliação que, se fosse hoje, o governo não teria os 308 votos necessários para aprovar a proposta de reforma da Previdência no plenário da Câmara. Por isso, quer ter o maior número de votantes a favor da PEC, como uma demonstração de força. Mantido o cronograma, a sessão de amanhã será um grande teste para o presidente Michel Temer. Até o fim deste mês, o texto será apreciado em plenário.
O lobby dos servidores públicos avança, diz uma fonte, e por isso é preciso pôr um ponto final nessa votação da Câmara, para evitar que a área política do governo seja obrigada a fazer novas concessões. Já a pesquisa do Datafolha, divulgada no fim de semana, não surpreendeu: os governistas já sabem que há falhas na comunicação que precisam ser corrigidas, para que a população brasileira entenda melhor as premissas da reforma.
Já Renan Calheiros é um caso delicado. Senadores da base, que se preparam para votar a reforma trabalhista e, no fim do semestre, receberão, já aprovada na Câmara, a reforma da Previdência, estão preocupados com a postura do líder peemedebista e alguns já defendem abertamente, ao Palácio do Planalto, sua substituição. Renan criticamente abertamente as propostas do governo, o que, afirmam fontes, desperta insegurança a investidores que acompanham atentamente a conjuntura da economia brasileira.
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